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Deus criou vida em outros planetas?

Se não criou, por que o universo é tão grande?

por Gary Bates
traduzido por Daniel Ruy Pereira (Considere a Possibilidade)

Muitas pessoas, cristãs ou não, são contra a noção de que a Terra é o único planeta habitado neste enorme universo.

stockxpertMoon

Aqueles que crêem que a vida evoluiu na Terra normalmente vêm o seguinte como, virtualmente, um “fato”: a vida teria evoluído em outros incontáveis planetas. Descobrir vida em outros planetas seria, por sua vez, a confirmação de sua fé evolucionista.

Mas há muitos cristãos que pensam: “Deus deve ter criado vida em outro lugar, caso contrário este enorme universo seria um tremendo desperdício de espaço.” Porém, nosso pensamento deveria estar baseado naquilo que Deus disse que fez (na Bíblia), e não naquilo que pensamos que Ele teria ou deveria ter feito.

Em primeiro lugar, uma vez que Deus é Aquele que fez o universo, este poderia não Lhe parecer’tão “grande”. Os humanos não conseguem entender a grandeza do universo porque nossa compreensão é limitada às dimensões espaço/tempo criadas, dentro das quais existimos, e é de quebrar a cabeça tentar compreender qualquer coisa que vá além disso. O próprio tempo começa com a criação do universo físico, mas como podemos compreender a eternidade? O que havia “antes” do universo? Semelhantemente, como podemos entender o quão “grande” é Deus? Nós não podemos usar uma fita de medição, feita de átomos, para medi-lo.

A Bíblia e os ETs

Frequentemente se pergunta: “Só porque a Bíblia ensina que Deus criou vida inteligente somente na Terra, porque isso significaria que Ele não poderia tê-la criado em outro lugar?” Afinal, a Bíblia não fala a respeito de tudo. Por exemplo, não fala de automóveis. Porém, a objeção bíblica aos ETs não é um argumento meramente silencioso. Mais que isso, entender a totalidade da mensagem bíblica/evangélica nos permite concluir claramente que a razão pela qual a Bíblia não menciona extraterrestres (ETs) é porque eles não existem1.

  1. A Bíblia indica que toda a criação geme e sente dores de parto por causa do peso do pecado (Romanos 8:18–22). O efeito da maldição causada pela Queda de Adão foi universal2. Caso contrário, qual seria a razão de Deus destruir toda a sua criação para criar novos céus e nova Terra – 2 Pedro 3:13; Apocalipse 21:1ss? Portanto, qualquer ET, vivendo em qualquer lugar, teria sido (injustamente) afetado pela Maldição ADâmica, mesmo sem ter cometido qualquer pecado – ele não teria herdado a natureza pecaminosa de Adão.

  2. Quando Cristo (Deus) encarnou, Ele veio à Terra não apenas para redimir a humanidade, mas também reconciliar consigo toda a criação (Romanos 8:21; Colossenses 1:20). Portanto, a morte redentora de Cristo no Calvário não poderia salvar hipotéticos ETs, porque eles precisariam ser descendentes de Adão para que Cristo fosse o seu “Redentor” (Isaías 59:20). Jesus foi chamado “o último Adão” porque houve um primeiro ADão real, humano (1 Coríntios 15:22,45) – não um primeiro Vulcan, Klingon (N.T. raças criadas na’série Star Treck) etc. Foi assim que um Substituto humano, sem pecado, sofreu a punição que todos os homens merecem pelos seus pecados (Isaías 53:6,10; Mateus 20:28; 1 João 2:2, 4:10), sem necessidade de remissão para os próprios pecados (que’são inexistentes, Hebreus 7:27).

  3. Uma vez que isso significaria que qualquer ET estaria perdido pela eternidade, pois esta atual criação será destruída em fogo ardente (2 Pedro 3:10,12), alguns’têm pensado que o sacrifício de Cristo pode ter se repetido por outros seres. Porém, Cristo morreu uma vez (Romanos 6:10; 1 Pedro 3:18) na Terra. Ele não será crucificado e ressuscitado novamente em outros planetas (Hebreus 9:26). Isso é confirmado pelo fato de a igreja redimida (terrestre) ser conhecida como a noiva de Cristo (Efésios 5:22-33; Apocalipse 19:7-9), em um casamento que durará eternamente3. Cristo não será um polígamo com muitas outras noivas de vários outros planetas.

  4. A Bíblia não dá suporte à idéia de que Deus iria redimir quaisquer outras espécies, nem mesmo anjos caídos (Hebreus 2:16).

Encaixando-os lá… de algum modo!

Uma tentativa de encaixar os ETs na Bíblia baseia-se no versículo 3 do capítulo 11 de Hebreus: “Pela fé entendemos que os mundos pela palavra de Deus foram criados; de maneira que aquilo que se vê não foi feito do que é aparente.”

A palavra “mundos” aparece na tradução King James* e algumas outras, e alguns afirmam que ela se refere a outros planetas habitáveis. Porém, a palavra é αιών (aiōn), da qual derivamos a palavra “eon”. Por isso, traduções modernas traduzem a palavra como “universo” (todo o continuum espaço-tempo) porque ela corretamente descreve “tudo o que existe no tempo e espaço, visível e invisível, presentes e eternos”. Mesmo se ela estiver se referindo a outros planetas, é uma extrapolação injustificada presumir que há vida inteligente neles.

Outro argumento é a passagem de João 10:16, na qual Jesus diz: “Tenho outras ovelhas, que não’são deste aprisco; também me convém agregar estas, e elas ouvirão a minha voz; e haverá um rebanho e um Pastor.” Contudo, mesmo um astrônomo crente em ETs, do Vaticano (uma “testemunha hostil” à “causa da inexistência dos ETs”), um padre jesuíta chamado Guy Consalmagno, reconhece: “No contexto, essas ‘outras ovelhas’ são presumivelmente uma referência aos gentios, não aos extraterrestres.”4 O ensino de Jesus era causa de divisão entre os judeus (v.19), porque eles sempre acreditaram que a salvação de Deus era somente para eles. Jesus estava reafirmando que Ele seria o Salvador de toda a humanidade.

Uma abordagem romântica

Uma idéia mais recente permite que os ETs surjam da necessidade de se proteger o cristianismo no caso de uma eventual visitação alienígena real à Terra. Michael S. Heiser é um ufólogo/orador cristão influente, com Ph.D. em Hebraico Bíblico e Linguagens Semíticas Antigas. Ele afirma que os argumentos acima podem não se aplicar a alienígenas criados por Deus. Por não serem descendentes de Adão, eles não herdam sua natureza pecaminosa, e portanto, não’são moralmente culpados ante Deus. Assim como os coelhos na Terra, eles não precisam de salvação – mesmo que eles morram, não vão nem para o céu, nem para o inferno.

À primeira vista, parece um argumento irresistível; afinal, anjos caídos’são inteligentes, mas estão além da salvação (Hebreus 2:16). Porém, anjos’são imortais e não’são de nossa dimensão corpórea. E os ETs em espaçonaves de Heiser exigem um nível de inteligência não encontrado nos coelhos. Isso acentua severamente a injustiça de sofrerem os efeitos da Maldição, incluindo a morte e, em última análise, a extinção quando os céus retirarem-se “como um livro que se enrola” (Apocalipse 6:14). Também parece bizarro não atribuir responsabilidade moral para as ações de seres altamente inteligentes.

Heiser também afirma que ETs muitíssimo inteligentes não tomariam a posição da humanidade como seres criados à imagem de Deus, porque “imagem” significa apenas humanos tendo sido colocados como representantes de Deus na Terra.

Todavia, a Bíblia diz que nós fomos feitos à Sua imagem e semelhança (Gênesis 1:26). O homem foi criado totalmente inteligente a cerca de 6000 anos atrás, tendo se envolvido com artesanato logo depois (Gênesis 4:22). Desde aquele tempo, não fomos capazes de desenvolver tecnologias avançadas o bastante para viajarmos para outros sistemas solares. Se os alienígenas fossem capazes de desenvolver incríveis espaçonaves, mais rápidas que a velocidade da luz, necessárias para se chegar aqui, presume-se que eles tenham sido criados com inteligência vastamente superior à nossa – o que os faria muito mais imagem e semelhança de Deus, nesse sentido, que nós. Ou então, foram criados muito antes dos 6000 anos do padrão bíblico de seis dias; os alienígenas teriam sido criados antes do homem e teriam tido tempo suficiente para desenvolver suas tecnologias. Porém, Deus criou a Terra no Primeiro Dia e depois os corpos celestes, no Quarto Dia.

Influenciado pelo que está fora da Biblia

Embora Heiser não promova a evolução teísta, ele é simpatizante de um universo de bilhões de anos, como proposto pelo criacionista progressista Dr. Hugh Ross5. Teoricamente, esse seria o tempo necessário para quaisquer ETs não vistos desenvolverem as tecnologias do tipo quase-ficção-científica, essenciais para chegarem aqui. Mas esse é um raciocínio circular.

Porém, há um grande problema para o Evangelho nestas longas eras. Primeiro, é importante entender que longas eras derivam da crença que camadas de rochas sedimentares na Terra representam eons de tempo6. O que, por sua vez, deriva-se da suposição dogmática de que não houve atos especiais de criação ou dilúvio universal, por isso as características da Terra devem ser explicadas por processos que’são vistos operando agora7. Essa filosofia do uniformitarismo parece cumprir perfeitamente a profecia do apóstolo Pedro, registrada em 2 Pedro 3:3-7.

O conflito com o Evangelho acontece porque essas mesmas camadas rochosas contêm fósseis – um registro de seres mortos, que revela evidências de violência, doença e sofrimento. Assim, partindo de um ponto-de-vista de milhões de anos, mesmo sem evolução, colocamos a morte e o sofrimento muito antes da Queda de Adão. Isto desestabiliza o Evangelho e as razões pelas quais Cristo veio ao mundo – tais como reverter os efeitos da Maldição.

O “ranking” da criação

No Salmo 8:5 lemos que o homem foi feito um pouco menor que os anjos e coroado com glória e honra. Heiser disse que a salvação é baseada em um ranking, não em inteligência. Mas, se fosse assim, onde os ETs ficariam nessa injusta ordem (que não os menciona)? Seriam eles maiores que o homem, e menores que os anjos, por exemplo? Se estes avançados ETs fossem capazes de visitar a terra, a humanidade estaria sujeita ao seu domínio. (Mesmo se esses ETs fossem amigáveis, seriam potencialmente muito mais poderosos por causa de sua inteligência e tecnologia.) Isso estaria em contradição direta com a estrutura de autoridade estabelecida por Deus quando ele ordenou à humanidade “dominar” sobre a terra – o que é também conhecido como mandamento de domínio (Gênesis 1:28).

Sendo inspirado a temer

O Salmo 19:1 nos dá a maior razão da grandeza do universo: “Os céus declaram a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra de suas mãos.”

Isso nos lembra que, quanto mais descobrimos acerca deste incrível universo, mais deveríamos temer Aquele que o criou. É sobre Ele que deveríamos estar pensando, não em alienígenas imaginários, que nunca vimos.

*N.T. O autor se refere à King James original, em inglês. Em 2007 foi publicada no Brasil a versão King James Atualizada, pela Abba Press (somente o Novo Testamento). Ela traduz αιών como “universo”.
NASAAlien rover2
Duas sondas idênticas atravessam a superfície de Marte procurando por evidências de água. Pesquisadores evolucionistas estão procurando desesperadamente por sinais passados ou atuais de vida até mesmo microscópica.

Poderia haver “vida simples” em algum lugar no espaço?

NASAAlien hubblesite

A totalidade da Bíblia parece excluir vida inteligente em qualquer lugar no universo de Deus1 (veja o texto principal). Mas e quanto a bactérias em outros planetas, por exemplo? É possível que Deus os tenha criado, mas extremamente improvável2. Qual seria o seu propósito? O foco inteiro da criação é a humanidade nesta Terra; as formas de vida na bela biosfera equilibrada da Terra’são parte do nosso sistema pró-vida criado.

Se fossem encontradas bactérias em algum lugar do sistema solar, isso seria visto como uma prova de que a vida pode “simplesmente evoluir”3. Porém, nós antecipadamente previmos que, neste improvável evento, os organismos terão DNA e demais moléculas do mesmo tipo terrestre, consistentes com os originados aqui como contaminantes – carregados pelas recentes sondas feitas pelo homem, ou transportados por fragmentos de rocha expelidos da Terra por impactos de meteoritos.

Referências

  1. Compare Grigg, R., Did life come from outer space? Creation 22(4):40–43, 2000; Bates, G., Alien Intrusion: UFOs and the evolution connection, Master Books, Arkansas, USA, 2004.
  2. Sarfati, J., Conclusive evidence for life from Mars? Remember last time! creation.com/mars, 15 May 2002.
  3. Matthews, M., Space life? Answering unearthly allegations, Creation 25(3):54–55, 2003; creation.com/space_life.

Referências e notas

  1. Evidentemente, há seres celestiais. Estes foram criados bem cedo na Semana da Criação – chamados “filhos de Deus” e “estrelas da manhã” na poesia do livro de Jó, eles regozijaram e cantaram por ocasião da formação dos “fundamentos” da Terra (Jó 38:7). Regresar al texto.
  2. Sarfati, J., The Fall: a cosmic catastrophe: Hugh Ross’s blunders on plant death in the Bible, Journal of Creation 19(3):60–64, 2005; creation.com/plant_death. Regresar al texto.
  3. A igreja foi comprada com o sangue de seu Salvador ferido no seu lado, uma clara analogia à primeira mulher, nascida da “costela” do lado de Adão. Regresar al texto.
  4. Consolmagno, G., Humans are not God’s only intelligent works, www.stnews.org/Commentary-891.htm, 3 Janeiro 2006. Na verdade ele tomou o lado afirmativo em um debate com o Dr. Jonathan Sarfati, do CMI, cuja negativa está disponível em www.stnews.org/Commentary-890.htm (eles não viram os argumentos um do outro antes da publicação no liberal Science and Theology News). Regresar al texto.
  5. Ross acredita em criaturas semelhantes ao homem, destituídos de alma, anteriores a Adão, e similares, no status espiritual, aos hipotéticos ETs de Heiser. Para uma refutação completa das idéias de Ross, veja Refuting Compromise por Jonathan Sarfati Master Books, Arkansas, USA, 2004. Regresar al texto.
  6. Henry, J.F., An old age for the earth is the heart of evolution, Creation Research Society Quarterly 40(3):164–172, December 2003. Regresar al texto.
  7. Mortenson, T., The Great Turning Point, Master Books, Arkansas, USA, 2004. Regresar al texto.