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O estrépito da borboleta

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por Carl Wieland
traduzido por Luis Jervell

Hoje em dia, quando abrimos um livro verdadeiramente definitivo sobre borboletas, escrito por uma autoridade científica mundial sobre o assunto, a última coisa que esperamos encontrar é um ataque frontal total ao evolucionismo.

Basta olhar para este espantoso volume de 350 páginas, The Concise Atlas of Butterflies of the World (Atlas Conciso das Borboletas do Mundo), para perceber por que motivo o seu autor, Bernard d’Abrera, é considerado o lepidopterologista mais conhecido do mundo (lepidópteros é o grupo de insetos que inclui as borboletas e traças).

Este livro apresenta ilustrações de espécies de quase todos os géneros de borboletas verdadeiras descritas na ciência. (Trata-se, de facto, de uma compilação e compressão de cerca de 30 anos de trabalho e publicação do autor sobre as borboletas do mundo, num total de 24 volumes.)

As ilustrações e descrições de todos os trabalhos de Bernard d’Abrera baseiam-se nas extensas coleções existentes no Museu Britânico (História Natural) em Londres, onde detém o estatuto de “visitante permanente” desde 1969. Estes, e os seus quatro volumes sobre as traças maiores e The Moths of Australia (As traças da Austrália), são a maior obra única sobre os lepidópteros de qualquer autor/ilustrador da história da ciência.

Todos estes antecedentes de prestígio provavelmente não irão atenuar, mas antes aumentar, a consternação (para não dizer o choque total) para o evolucionista médio ao descobrir o assombroso e vertiginoso ataque frontal do livro à evolução. Embora só uma minoria das páginas do livro seja dedicada a texto puro, o antievolucionismo é de longe o tema dominante, não apenas um pequeno aparte (cerca de 50 páginas completas são dedicadas a “desacreditar Darwin”).

Bernard d’Abrera não transparece como o “criacionista médio” e injetou uma grande quantidade de originalidade no seu trabalho. Podemos não concordar totalmente sobre uma série de coisas com este filósofo/taxonomista altamente erudito de formação jesuíta (a taxonomia é a ciência de classificação das criaturas vivas). Mas quanto à sua verdadeira aversão à falácia evolucionista e quanto à importância intrínseca deste ataque no âmbito de um trabalho de referência como este, não pode haver dúvidas.

As linhas evolucionistas de pensamento que permeiam a ciência são acometidas na sua escrita como “bagagem asfixiante e víscida” da qual a verdadeira ciência se devia libertar, de forma a poder ser de novo “uma ciência objetiva, baseada na observação, na demonstração experimental e, sobretudo, no bom senso”. A evolução, escreve ele, "não se baseia em verdades demonstradas ou hipóteses experimentalmente provadas todas coligadas na lógica para produzir um sistema irrefutável de leis científicas". Em vez disso, afirma ele, é uma teoria que exige uma “fé religiosa cega”.

Numa referência óbvia à defesa de Darwin pelo professor evolucionista Steve Jones, intitulada Almost like a Whale (Quase como uma baleia), o capítulo sobre "A filosofia da ciência natural” tem o subtítulo “Evolucionismo — quase como uma ciência”.

A taxonomia, afirma o Dr. d’Abrera1 (que se licenciou com especializações em História e Filosofia da Ciência), é um “ofício”. Como taxonomista, ele considera-se um “verdadeiro lineano” (Lineu foi o pai da taxonomia moderna). Refere que existem atualmente “sinais palpáveis de impaciência evolucionista com o sistema lineano de nomenclatura taxonómica, que expressa a estrutura hierárquica vertical e descontínua da Ordem Natural". Os evolucionistas, diz ele, não gostam desses factos da taxonomia, uma vez que são “inconvenientes para a sua ideologia”.

O Dr. d’Abrera faz uma distinção clara entre ser um taxonomista e um filogeneticista (alguém que teoriza sobre as linhas evolucionárias de descendência que ligam as espécies que são classificadas em grupos estreitamente associados). Diz ele: “Lido com factos observáveis e mensuráveis, dos quais retiro conclusões seguras, que posso testar e provar ou refutar. Não lido com a especulação de acontecimentos imaginários que emanam dos requisitos de uma ideologia [evolução] e portanto não podem ser testados quanto à sua veracidade ou de outro modo.”

O compromisso do Dr. Bernard d’Abrera com a observação, e não com a especulação, confirma para ele o facto de que, quer consideremos a genética, a ecologia ou a própria civilização, o mundo não mostra sinais de “construção” mas em vez disso está a morrer, a degradar-se, de acordo com os princípios da entropia.

Segundo ele, “o Homem Evolucionista, tendo caluniado e difamado o Homem Bíblico até à irrelevância impotente, está agora a conduzir a humanidade num retrocesso por caminhos atávicos para uma aterrorizante auto-demolição da civilização e de tudo o que é transcendentalmente bom”.

Ele rejeita como “fútil, pretensiosa e presunçosa, a atual preocupação com a especulação pseudocientífica, que, no fim, só nos distrai a todos das medidas desesperadas que temos de tomar para salvar a nossa casa moribunda e a nossa civilização”.

De facto, a sua paixão pela conservação envergonharia o evolucionista “verde” médio. Efetivamente, ele acha que muita da culpa pela perda de espécies se deve ao tempo, aos esforços e aos fundos desperdiçados a perseguir as ilusões evolucionistas. Segundo ele: “Este livro é … um apelo ao mundo da ciência para que deixe de ir atrás de especulações indolentes e estéreis, para dedicar todos os seus esforços e recursos a salvar e regenerar o que resta, de forma que possamos ter algo para passar aos nossos filhos e aos filhos deles.”

Aqueles que ele apelida de “elite” em “torres de marfim” têm, na sua opinião, “uma tremenda responsabilidade pela sua negligência criminosa, se continuarem a ignorar a situação difícil do nosso planeta, na sua perseguição fútil do fantasma do evolucionismo”.

A forma como trata todo o assunto também não se confina à retórica poderosa ou às suas próprias opiniões. Ele reproduz de forma aprovadora, em pormenor, comentários do professor polaco de genética Dr. Maciej Giertych (ver revista Creation 14(3):23, 1992 e 17(3):46–48, 1995). Estes dizem respeito ao facto de as alterações nas coisas vivas não demonstrarem categoricamente os tipos de coisas que a evolução “da sopa primordial até nós” esperaria que estivessem a acontecer — principalmente o aumento da informação genética.

Além de ficarmos agradavelmente surpreendidos ao descobrirmos que Bernard d’Abrera teve vontade de “ir contra a corrente” desta maneira, ficámos encantados por podermos reproduzir algumas das suas maravilhosas fotos [versão impressa]. Esperamos que elas encorajem os leitores a refletir de novo sobre o génio do Criador omnipotente e perfeito, e a falência de todas as filosofias humanísticas que procuram estabelecer-se contra o conhecimento de Deus (2 Coríntios 10:5).

Nota

  1. Este é o’título honorífico pelo qual ele é geralmente conhecido na comunidade científica na Europa. Não implica que os seus graus académicos envolvessem doutoramentos, mas é devido à sua volumosa produção científica. Retornar