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A geologia diluviana pode explicar a fina espessura de leitos de giz?

Por Andrew A. Snelling
Tradução A. N. Other
Revisão de Daniel Ruy Pereira

Muitas pessoas já ouviram falar, ou já viram (pessoalmente ou por fotografia), as famosas Falésias Brancas em Dover, no sul da Inglaterra. As mesmas camadas de giz são encontradas ao longo da costa da França. Elas se estendem do interior da Inglaterra até a França, sendo encontradas ao norte e oeste, como na Costa Antrim e áreas adjacentes da Irlanda do Norte. Extensas camadas de giz também são encontradas na América do Norte, Alabama, Mississipi e Tennessee (o Selma Chalk, ou Calcário de Selma), em Nebraska e região adjacente (o Niobrara Chalk), e em Kansas (Fort Hayes Chalk)1.

A palavra Latina para giz é creta. Para os que estão familiarizados com a coluna geológica e sua escala de tempo evolutiva reconhecerão essa palavra de seus períodos – o Cretáceo. Como a maioria dos geólogos acredita na evolução geológica dos estratos terrestres ao longo de milhões de anos, eles classificaram todas essas camadas de giz ao redor do mundo como sendo da chamada “era do giz”, isto é, um suposto período de milhões de anos de formação de leitos de giz.

Mas então, o que é o giz?

Poroso, relativamente suave, textura fina e pouco friável, o giz normalmente é branco e formado basicamente de carbonato de cálcio e calcita. Portanto, é um tipo de calcário, e de um tipo muito puro. O teor de carbonato de cálcio no giz francês está entre 90 e 98%, já o de Kansas está entre 88 a 98%2. Ao microscópio, vê-se que giz é formado de pequenas conchas, provenientes de incontáveis bilhões de micro-organismos, compostas de calcita espalhadas em finos grãos de carbonato de cálcio (calcita microcristalina). Os dois principais microorganismos que fossilizam em calcário são os foraminíferos e as espículas e células de algas calcárias, chamadas de cocólitos e rhabdólitos.

Como o giz se forma? A maioria dos geólogos acredita que “o presente é a chave para o passado”, e assim procuram onde onde esses microorganismos vivem hoje, como e onde seus restos se acumulam. Os foraminíferos fossilizados encontrados em giz são de um tipo conhecido como foraminíferos planctônicos, porque eles vivem flutuando nos primeiros 100 a 200 metros em alto mar. As algas marrons que produzem finos cocólitos são conhecidas como cocolitóforos, e estes também flutuam nos estratos superiores do mar.

Atualmente, os oceanos cobrem quase 71% da superfície da Terra. Cerca de 20% do oceano jaz nas margens continentais, ao passo que o resto cobre o assoalho oceânico, que é coberto por uma variedade de sedimentos. Entre estes estão os que são conhecidos como limos, assim chamados porque mais de 30% de todo sedimento consiste de conchas de microorganismos como foraminíferos e cocolitóforos3. Na verdade, cerca da metade do assoalho oceânico é coberto por limos calcários coloridos (ricos em carbonato de cálcio). Abaixo dos 5000 metros, o carbonato de cálcio se dissolve. Ainda assim, um quarto da superfície terrestre é coberta por essa “casca” – ricos depósitos produzidos por esses “vegetais e animais” microscópicos que vivem próximos à superfície oceânica.

Os geólogos acreditam que esse limo se forma a partir de restos de microorganismos mortos, devido ao acúmulo de carbonato de cálcio e cocólitos que se depositam no fundo do oceano. Estima-se que uma concha de 0,15 mm demoraria 10 dias para atingir o fundo do oceano. Esse tempo aumenta conforma a concha diminui. Ao mesmo tempo, muitas delas podem se dissolver no percurso até o chão. No entanto, os geólogos acreditam que esse lento acúmulo de lama calcária nas profundezas do assoalho oceânico formou os leitos de giz.

Os “Problemas” da Geologia Diluviana

Microfossils and microcrystalline calcite—Cretaceous chalk, Ballintoy Harbour, Antrim Coast, Northern Ireland under the microscope (60x) (photo: Dr. Andrew Snelling)Microfossils and microcrystalline calcite—Cretaceous chalk, Ballintoy Harbour, Antrim Coast, Northern Ireland under the microscope (60x) (photo: Dr. Andrew Snelling)

É nesse ponto aqui que os críticos, e não só evolucionistas, têm dito ser impossível explicar a formação de camadas de giz nas Falésias de Dover pela ação geológica do Dilúvio (geologia diluviana). Os sedimentos do assoalho oceânico têm uma espessura de aproximadamente 450 metros, podendo variar de oceano para oceano e da proximidade ao continente4. O sedimento que cobre a bacia do Oceano Pacífico tem uma espessura de 300 a 600 metros, e a do Atlântico chega a 1 km de espessura. No meio do Pacífico, a camada de sedimentos é menor ou igual a 100 metros. Essas diferenças de espessura evidenciam uma taxa de acúmulo diferente, devida às variações de sedimentos trazidos por rios e poeira no ar, como também da produção de resíduos orgânicos nas águas superficiais do oceano. Este último fator é, por sua vez, influenciado por índices de produtividade para os microorganismos em questão, fornecimento de nutrientes e as concentrações de carbonato de cálcio nos oceanos. No entanto, é no fundo do oceano, bem longe da terra, que o limo calcário mais puro tem se acumulado, sendo considerada atualmente como uma camada precursora do giz devido às taxas de acumulação, que variam de 1 a 8cm a cada 1.000 anos para o limo calcário dominado por foraminíferos e 2-10 cm a cada 1.000 anos para o limo dominado por cocólitos5.

Atualmente, estima-se que as camadas de giz do sul da Inglaterra têm aproximadamente 405 metros de espessura e fala-se que se estendem por toda a duração do famigerado período geológico Cretáceo Tardio6, estimada pelos evolucionistas entre 30 e 35 milhões anos da escala de tempo evolutivo. Um cálculo simples mostra que a taxa média de acumulação de giz, por conseguinte, ao longo deste período de tempo está entre 1,16 a 1,35 cm por 1.000 anos, bem menor que as taxas de acumulação atuais citadas anteriormente. Sentindo-se vingados, os geólogos evolucionistas insistem que há giz demais para ter sido originalmente depositado como limo calcário pelo Dilúvio.

Mas esse não é o único desafio que enfrentam os criacionistas sobre a deposição de leitos de giz durante o dilúvio. Schadewald insiste que, se todos os animais fossilizados, incluindo o foraminíferos e cocolitóforos cujos restos mortais são encontrados em giz, pudessem ser ressuscitados, eles cobririam todo o planeta a uma profundidade de pelo menos 45 centímetros; sendo assim, do que eles poderiam possivelmente ter se alimentado?7 Ele afirma que as leis da termodinâmica proíbem a Terra de suportar tamanha biomassa animal e, com tantos animais tentando obter sua energia a partir do sol, a energia solar disponível não seria suficiente. Hayward, criacionista de terra antiga, concorda com todos esses problemas.8

Até mesmo o criacionista Glenn Morton propôs problemas semelhantes, sugerindo que mesmo que o Chalk Austin, sobre a qual a cidade de Dallas (Texas) é construída, tenha pouco mais de algumas centenas de metros (mais de 100 metros) de animais microscópicos mortos, quando todas as outras camadas são consideradas, o número de microrganismos envolvidos não poderia ter vivido na Terra ao mesmo tempo, de modo que fossem, assim, enterrados todos juntos durante o Dilúvio9. Ademais, ele insiste que, além do problema orgânico, ainda existe a questão da quantidade de dióxido de carbono (CO2) necessário para a produção de todo o carbonato de cálcio pelos microrganismos cujo restos calcários estão agora enterrados nos leitos de giz. Considerando todos os outros calcários também, ele diz, simplesmente não poderia ter havido suficiente CO2 na atmosfera no momento da inundação para explicar todos esses depósitos de carbonato de cálcio.

Respostas Criacionistas

Dois criacionistas têm feito muito progresso a fim de dar uma resposta satisfatória a estas objeções contra a geologia diluviana-os geólogos Dr. Ariel Roth do Geoscience Research Institute (Loma Linda, Califórnia) e John Woodmorappe. Ambos concordam que a produtividade biológica não parece ser o fator limitante. Roth10 sugere que, nas camadas superficiais do oceano, estes organismos secretores de carbonato, em taxas adequadas de produção, poderiam produzir todo o calcário no fundo do mar hoje em, provavelmente, menos do que 1.000 ou 2.000 anos. Ele argumenta que, dada uma alta concentração de foraminíferos de 100 por litro de água11, observaríamos um tempo de duplicação de 3,65 dias, e com uma média de 10.000 foraminíferos por grama de carbonato12, os 200m superiores do oceano produziriam 20 gramas de carbonato de cálcio por cm2 /ano, ou uma densidade média de sedimentos de 2 g/cm3, a 100 metros, em 1.000 anos. Alguma coisa desse carbonato de cálcio teria de ter sido dissolvido nas profundezas do oceano para que o fator tempo pudesse ser aumentado a fim de compensar isso, mas se houvesse este aumento na inserção de carbonato nas águas do oceano a partir de outras fontes, então isso cancelaria o fator tempo. Além disso, a reprodução de foraminíferos abaixo dos 200 metros superiores de água do mar igualmente tenderia a reduzir o tempo necessário.

Cocolitóforos, por outro lado, se reproduzem mais rápido do que foraminíferos e estão entre as algas planctônicas de crescimento mais rápido13, multiplicando-se a uma taxa de 2,25 divisões por dia. Roth sugere que, se assumirmos um cocólito médio com volume de 22 x 10-12 centímetros cúbicos, um peso médio de 60 x 10-12 gramas por cocólito14, 20 cocólitos produzidos por cocolitóforos, 13 x 106 cocolitóforos por litro de água do mar15, uma taxa de divisão de duas vezes por dia e uma densidade de 2 g/cm3 para os sedimentos produzidos, obtém-se uma taxa de produção potencial de 54 centímetros de carbonato de cálcio por ano nos 100 primeiros metros do oceano. A este ritmo, é possível produzir uma média de 100 metros de espessura de cocólitos como limo calcário no fundo do oceano em menos de 200 anos. Mais uma vez, outros factores podem ser levados em conta nos cálculos, quer para alongar ou encurtar o tempo, incluindo a dissolução do carbonato de cálcio, leve redução devido à grande concentração destes microorganismos, e cocólitos reprodutores abaixo dos 100 metros de superfície, mas o resultado final reforça a taxa calculada anteriormente.

Woodmorappe16 abordou o assunto de forma diferente. Assumindo que todos os calcários das divisões do Cretáceo Superior e Terciário da coluna geológica são de giz, ele descobriu que estes representaram 17,5 milhões de quilômetros cúbicos de rocha. (É evidente que nem todos os calcários são giz, mas ele usou essa hipótese para tornar o "problema" mais difícil, de modo que obtivesse resultados mais conservadores.) Em seguida, usando o cálculo de Roth, isto é, uma espessura de 100 metros de cocólitos produzida a cada 200 anos, Woodmorappe descobriu que precisaríamos ter 21,1 milhões de quilômetros quadrados, ou 4,1% da superfície da Terra, só de produtores de cocólitos para abastecer os 17,5 milhões de quilômetros cúbicos de cocólitos em 1.600 a 1.700 anos, ou seja, uma era pré-diluviana. Ele também fez cálculos adicionais, recomeçando a partir dos parâmetros básicos necessários, e descobriu que esse número poderia ser reduzido para apenas 12,5 milhões de quilômetros quadrados de área do oceano, ou 2,5% da superfície da Terra, para produzir a exagerada estimativa necessária de 17,5 milhões de quilômetros cúbicos de cocólitos.

“Florescimento” durante o Dilúvio

Scanning electron microscope (SEM) image of coccoliths in the Cretaceous chalk, Brighton, England (photo: Dr Joachim Scheven)
Scanning electron microscope (SEM) image of coccoliths in the Cretaceous chalk, Brighton, England (photo: Dr Joachim Scheven)

Embora sejam úteis, estes cálculos ignoram um outro problema ainda mais relevante – que estas camadas de giz foram depositadas durante o Dilúvio. Os geólogos criacionistas podem ter opiniões diferentes sobre onde está o limite pré-dilúvio-dilúvio no registro geológico, mas a maioria consideraria esse giz do Cretáceo Superior como tendo sido depositado muito tardiamente no Dilúvio. Se for esse o caso, os cocólitos e conchas de foraminíferos, que agora estão nos leitos de giz, teriam que ter sido produzidos durante o dilúvio, não 1.600 a 1.700 anos antes, conforme os cálculos de Woodmorappe, pois certamente, se houvesse aquele tanto logo no começo do Dilúvio, as camadas de giz deveriam ter sido depositadas antes, e não durante a inundação. Da mesma forma, os cálculos de Roth sobre as quantidades potencialmente necessárias sendo produzidas em até 1.000 anos podem muito bem mostrar que as quantidades de limo calcário nas atuais profundezas do oceano são facilmente produzidas no espaço de tempo desde o dilúvio, mas esses cálculos são insuficientes para mostrar como estas camadas de giz poderiam ser produzidas durante o próprio Dilúvio.

No entanto, tanto Woodmorappe e Roth reconhecem que ainda hoje o acúmulo de cocólitos não está estacionada, mas é altamente episódica, dado que sob as condições apropriadas aumentam significativamente as concentrações desses microrganismos marinhos, como no “florescimento” do plâncton e na “marés vermelhas”. Existem, por exemplo, florações intensas de cocólitos que causam a "água branca"17, e durante os períodos de floração em águas próximas à Jamaica, os números de microrganismos relatados aumentaram de 100.000 por litro a 10 milhões por litro da água18. As razões para esta expansão não são completamente compreendidas, mas sugestões incluem turbulência do mar, vento19, peixes em decomposição20, nutrientes oriundos de água doce e de ressurgência, e temperatura21.

Sem dúvida, todas essas condições teriam sido geradas durante o catastrófico Dilúvio e, assim, a rápida produção de carbonato de esqueletos de foraminíferos e cocolitóforos seria possível. Considerações termodinâmicas definitivamente não evitam uma biomassa muito maior como esta sendo produzida, uma vez que o “problema” constatado por Schadewald está claramente equivocado. Tem sido relatado que uma suposta produtividade oceânica 5-10 vezes maior do que a atual poderia ser suportada pela luz solar disponível, bem como a disponibilidade de nutrientes (especialmente de nitrogênio), o que é um fator limitante22. Além disso, os níveis atuais de radiação solar ultravioleta inibem a produção do plâncton marinho23.

Obviamente, em condições de inundação cataclísmicas, incluindo chuva torrencial, a turbulência do mar, peixes em decomposição e matéria orgânica e as violentas erupções vulcânicas associadas às "fontes do abismo", um cenário de várias explosões de vida microscópica nos oceanos é concebível de modo realista; assim a produção de quantidades suficientes de limo calcário para produzir as camadas de giz no registro geológico, num curto espaço de tempo, ao final da inundação, também é concebível de modo realista. Violentas erupções vulcânicas teriam produzido grandes quantidades de poeira e vapor, e a possível mistura de diferente gases na atmosfera atual poderia ter reduzido os níveis de radiação ultravioleta. No entanto, nos momentos finais do Dilúvio a compensação e liquidação dos escombros teria permitido o aumento da penetração dos níveis de luz solar nos oceanos.

A temperatura da água do oceano teria sido maior no fim do dilúvio por causa do calor liberado durante o cataclisma, por exemplo, através de atividades vulcânicas e magmáticas, e do calor latente de condensação da água. Essas temperaturas mais elevadas foram verificadas pelos evolucionistas em seus próprios estudos dessas rochas e sedimentos no fundo do mar24; isso também teria sido propício para essas explosões de foraminíferos e cocolitóforos. Além disso, a mesma atividade vulcânica teria libertado grandes quantidades de nutrientes para as águas dos oceanos, bem como quantidades significativas de o CO2, essencial para a produção do carbonato de cálcio por estes microrganismos. Ainda hoje, a saída de CO2 em atividades vulcânicas foi estimada em cerca de 6,6 milhões de toneladas por ano, enquanto que cálculos baseados em erupções passadas e os depósitos vulcânicos mais recentes nas rochas sugerem que 44 bilhões de toneladas de CO2 foram liberadas na atmosfera e oceanos num passado recente (isto é, na parte mais recente da era pós-diluviana)25.

A resposta final

Sabe-se que a poluição em áreas costeiras tem contribuído para a multiplicação exponencial de microorganismos nas águas dos oceanos, a concentrações máximas de mais de 10 bilhões por litro26. Woodmorappe calculou que no giz poderia haver até 3 x 1013 cocólitos por metro cúbico se densamente comprimidos (o que geralmente não é o caso), assim, nas explosões de florescimento mencionadas, 10 bilhões de microrganismos por litro de água equivalem a 1013 microrganismos por metro cúbico.

Adaptando alguns dos cálculos de Woodmorappe, se os 10% da superfície da Terra que agora contém camadas de giz estava coberta de água, assim como ainda estava no fim do dilúvio, e se naquela água cocolitóforos e foraminíferos se reproduziram a até 1013 micro-organismos por metro cúbico de água, até uma profundidade de menos de 500 metros, então seriam necessárias apenas duas ou três das tais explosões para produzir a quantidade desejada de microrganismos a serem fossilizados nos leitos de giz. Isso sem contar que uma concentração de 1013 microorganismos por metro cúbico extinguiria a luz em apenas alguns metros da superfície, mas deve-se notar que fitoflagelados como estes são capazes de se alimentar de bactérias, isto é, espécies planctônicas são capazes de heterotrofismo (são “mixotróficas”)27. Essas bactérias seriam muito abundantes, rompendo as massas de detritos flutuantes e submersos (peixes mortos, plantas, animais, etc) gerados pela inundação. Assim a produção de cocolitóforos e foraminíferos não é dependente de luz solar, e o fornecimento de material orgânico potencialmente suporta uma concentração densa.

Uma vez que, por exemplo, no sul da Inglaterra, existem três camadas principais de giz, uma em cima da outra, este cenário coincide com os registros. Dado que a taxa de reprodução de cocólitos é de até dois dias28, essas camadas de giz poderiam ter se formado em apenas seis dias, o que se encaixa muito bem no contexto diluviano. O que é certo é que as condições necessárias para tais “florescimentos” precisariam ter coincidido a fim de permitir essa enorme explosão de vida, e a evidência de que isso aconteceu está claríssima nesses leitos de giz do registro geológico. Na verdade, a pureza desses leitos de giz no mundo todo também aponta para sua deposição catastrófica, uma vez que, para uma deposição prolongada de milhões de anos, está além da credulidade esperar que tal pureza pudesse ser mantida sem contaminar e ser contaminada por sedimentos. Há variações na consistência, mas não na pureza. O único material adicional no giz são fósseis de organismos macroscópicos, como amonites e outros moluscos, cuja fossilização também requer rápido soterramento por causa de seu tamanho (ver anexo).

Sem dúvida, existem fatores que precisam ser melhor quantificados por uma série de cálculos, mas estamos lidando com um dilúvio cataclísmico, o qual nunca foi experienciado para que estudássemos seus processos. No entanto, temos os resultados de sua passagem no registro geológico para estudar, e está claro que, trabalhando a partir do que se sabe ocorrer hoje, mesmo que rara e catastrófica para os padrões atuais, podemos realisticamente calcular a produção destas camadas de giz dentro da escala de tempo e atividade cataclísimica do Dilúvio, e assim responder adequadamente às objeções e "problemas" levantados pelos críticos.

Apêndice: “Hardgrounds”* e outros fósseis

A camada britânica de giz consiste de finas camadas rígidas alternadas com camadas mais moles. As camadas rígidas (hardgrounds) estão incrustadas em suas superfícies com conchas de moluscos, vermes cilíndricos e esqueletos de briozoários, mostrando o trabalho de vários organismos perfuradores. Consequentemente, Wonderly insiste que

“é evidente que, durante a formação de cada um dos leitos de giz, cada camada rígida foi exposta ao mar tempo suficiente para ser perfurada por organismos e, em seguida, incrustada pelos animais que a cobriam. (…) Isto é, naturalmente, também um registro da passagem de muitos milhares de anos.”1

Wonderly vê isso como prova de que o dilúvio de Noé não poderia ter formado estas camadas de giz e que o registro geológico demorou milhões de anos para se formar.

Scheven2 também está familiarizado com esses “hardgrounds” em sua experiência no German Muschelkalk do tão falado Triássico Médio. Em seu modelo de geologia diluviana, Scheven coloca esses estratos, e as camadas de giz inglesas, na era pós-diluviana, mas de nenhuma maneira ele vê qualquer evidência nestas rochas para os milhares de anos, tão "óbvios" para Wonderly. Aliás, Scheven concorda que o giz acumulou-se através de propagações em massa em meio a extinções massivas e catástrofes. Além disso, ele descreve o bandeamento, agora observável, nestas camadas de giz como devido ao transporte e reposição do limo calcário pela água.

Mas o que dizer das conchas perfurantes, tubulares e encrustantes? Elas não são a "prova" conclusiva dos milhares de anos que Wonderly insiste serem. Moluscos, vermes e outras espécies marinhas foram deixados fora da Arca, alguns para sobreviver ao Dilúvio, em seu habitat. Dado que as explosões de vida geraram as volumosas conchas de foraminíferos e cocólitos, estes então iriam se afundar e ser arrastados pelas correntes de inundação, antes de serem depositados nas faixas alternadas das camadas giz. Outras formas de vida marinha teriam sido aprisionadas por esses movimentos e soterradas vivas, daí a sua presença nos leitos de giz. Qualquer que fosse o momento antes de expirar, é plausível que algumas dessas criaturas tentariam restabelecer sua posição, em qualquer que fosse o lugar.

* Nota do Tradutor e Revisor: “Hardground”, literalmente, pode ser traduzido como “solo duro”, mas preferímos manter a palavra no original como um estrangeirismo.

Referências

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