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Plutão: uma lição para não esquecer

Image NASA Pluto

por Tas Walker
Tradução de Daniel Ruy Pereira

Plutão orbita o sol a uma distância 40 vezes maior que a Terra, e por mais de 70 anos foi considerado o nono planeta de nosso sistema solar. Foi descoberto por Clyde Tombaugh (1906-1997) em 1930, pela comparação de fotografias de estrelas, tiradas separadamente por duas semanas, no Observatório Lowell, no Arizona.1

Lowell Observatory Archives Clyde W. Tombaugh at the door of the Pluto discovery telescope, Lowell Observatory, Arizona.
Clyde W. Tombaugh at the door of the Pluto discovery telescope, Lowell Observatory, Arizona.

Percebendo irregularidades na movimentação de Urano, Percival Lowell (1855-1916), o fundador do observatório, acreditou na existência de um nono planeta. Ele o apelidou “Planeta X” e calculou que seria seis vezes mais maciço que a Terra. Ele até mesmo especificou sua localização.2 Lowell procurou pelo planeta de 1906 até a sua morte, mas não teve sucesso.

Tombaugh foi contratado pelo observatório em 1929 e descobriu o planeta próximo do local sugerido por Lowell. Isso aparentemente demonstrou que as predições de Lowell estavam corretas, por isso a descoberta foi apropriadamente anunciada no aniversário de Lowell (13 de março) e as duas primeiras letras do nome de Plutão são suas iniciais.3

Plutão é tão pequeno que só pode ser visto com um telescópio de 30 cm ou mais, e os astrônomos foram incapazes de determinar seu tamanho ou massa. As primeiras estimativas podiam contar apenas com os desvios das órbitas de Netuno e Urano. O tamanho foi rapidamente reduzido das estimativas de Lowell, e os astrônomos finalmente estabeleceram uma massa de cerca de três quartos a massa da Terra.

Tudo isso mudou por volta 1978, aproximadamente 50 anos depois da descoberta inicial de Plutão. A evidência-chave foi encontrada por James Christy, do Observatório Naval Americano (US Naval Observatory), quando ele percebeu que Plutão tinha uma lua. Ele relatou que algumas das imagens do seu telescópio de 1,5m mostraram Plutão levemente alongado, mas as estrelas nas mesmas fotografias não. Destas imagens ele foi capaz de estimar o diâmetro da órbita da lua e seu período orbital. Como resultado, os astrônomos puderam calcular a massa de Plutão com muito mais certeza.4 Hoje, aceita-se que Plutão tem somente 1/500 a massa da Terra. Observações em andamento confirmaram a lua de Plutão, e a União Internacional de Astronomia deu-lhe o status oficial em 1985, chamando-a Charon.5

Above sentiment from Gray, R., Pluto should get back planet status, say astronomers
Above sentiment from Gray, R., Pluto should get back planet status, say astronomers, <telegraph.co.uk/scienceandtechnology/science/sciencenews/ 3349184/Pluto-should-get-back-planet-status,-say-astronomers.html>, 10 August 2008.

Com uma massa tão pequena, Plutão possivelmente não poderia ter afetado as órbitas dos gigantes gasosos Urano ou Netuno. Em 1983, os astrônomos “varreram” o céu com o Infrared Astronomical Satellite (IRAS), mas nenhum planeta secreto foi encontrado. Agora, geralmente se acredita que as perturbações das órbitas de Urano e Netuno foram imaginárias, que os cálculos de Lowell estavam errados, e que a descoberta de Tombaugh foi uma coincidência 1 .

Como tantos cientistas puderam estar tão errados por tanto tempo a respeito da massa de Plutão – por um fator de 400? Uma questão parecida é frequentemente proposta quando os criacionistas falam de uma Terra com cerca de apenas 6000 anos de idade, ao invés da idade geralmente aceita de 4,6 bilhões de anos.

A massa de Plutão, como a idade da Terra, não foi medida diretamente. É calculada através de modelos científicos, todos baseados em suposições. Todos os cientistas obtiveram respostas erradas porque todos eles usaram os mesmos modelos e as mesmas suposições. Porém, observações atuais do comportamento de Plutão nos dão mais informações, que permitem uma abordagem inteiramente diferente do problema, destruindo as pré-suposições e trazendo uma estimativa radicalmente nova e coerentemente fundamentada.

luas de Plutão
Foto: wikipedia.org

Há outra grande diferença. A massa de Plutão é obtida pela ciência operacional, onde podemos continuar a fazer observações no presente, usando instrumentos melhores e mais modernos e tecnologia. Mas a idade da Terra é ciência histórica. Não podemos voltar no tempo para fazer observações de coisas que só ocorreram no passado. Para informações sobre o passado precisamos de informações confiáveis de testemunhas oculares.

Post Script. Em 2006, a União Internacional de Astronomia adotou certo número de critérios para a definição de um planeta, e como resultado Plutão já não faz parte do grupo. Da mesma forma, há muitos cientistas que continuam a defender a opinião de que Plutão deveria ser redefinido como planeta. (Ver Gray, R., Pluto should get back planet status, say astronomers, <telegraph.co.uk/scienceandtechnology/science/sciencenews/3349184/Pluto-should-get-back-planet-status,-say-astronomers.html>, 10 Agosto 2008.

Plutão contradiz a hipótese nebular

Plutão pertence a uma classe de objetos que orbitam o sol além de Netuno, chamados TNOs (Objetos Transnetunianos, da sigla em inglês). Os astrônomos os consideram sobra de material da nebulosa de gás e poeira da qual o sistema solar supostamente se formou, supostamente a 4,6 bilhões de anos atrás.

Mas Plutão é um problema para a hipótese nebular. Em primeiro lugar, ele não orbita no mesmo plano dos outros planetas (isto é, o plano eclíptico), mas em um ângulo de 17°. Por quê razão? Segundo, seu eixo de rotação não é perpendicular ao seu plano orbital, mas inclinado, o que o faz apontar quase que diretamente para o sol, no momento. Qual o motivo? Terceiro, a órbita de Plutão não é circular, mas altamente elíptica. De fato, ocasionalmente ele chega mais perto do sol que Netuno. Por quê? Essas características de Plutão contradizem as predições da hipótese nebular, por isso os astrônomos precisam inventar histórias secundárias, AD hoc, para explicar esses fenômenos. Isso é demais para a hipótese nebular.

Plutão e suas luas1 também não apóiam a ideia de milhões de anos. As análises da luz de Charon sugerem que sua superfície é coberta com vulcões (ativos) de água rica em amônia, vomitada do profundo interior da lua. Conclusões parecidas têm sido dadas para muitos TNOs. Isso significa que deve haver uma fonte de calor interna dentro desses objetos. Mas se eles têm bilhões de anos de idade deveriam estar gelados e mortos já há bilhões de anos.

  1. Além de Charon, duas luas menores, Nix e Hydra, foram descobertas em 2005.

Referências e nota

  1. Abell, G.O., Morrison, D. and Wolff, S.C., Exploration of the universe, 6ª edição, Saunders College Publishing, Filadélfia, EUA, p. 186, 1993. Retornar.
  2. Ref. 1, p. 185. Retornar.
  3. Ref. 1. O nome vem da mitologia clássica e foi sugerido por Venetia Burney, uma estudante de 11 anos de Oxford, Inglaterra. Retornar.
  4. Usando a formulação de Newton da terceira lei de Kepler. Retornar.
  5. Ref. 1, p. 288-289. Retornar.

Tas Walker (B.Sc. (Hons.) [geologia], B.Eng. (Hons.), Ph.D.) trabalhou no projeto e operação de estações de força, e na taxação geológica de depósitos de carvão. Ele trabalha tempo integral pesquisando e palestrando para o Creation Ministries International (Austrália).